Ofereça a um pai a chance de tirar toda e qualquer dor do filho e veja a resposta. Mesmo que a contrapartida seja receber em mesma intensidade — ou até dobrada ou triplicada — acredito que aqui a gente vá beirar os 100% de resposta: "Topo na hora."
A dor é o que nos faz humano. Tava pensando: quando a gente desenha o deus da gente, sempre tem algumas composições muito padrões a seguir. Geralmente é poderoso, sábio. Sente emoções mais nobres como amor e caridade e poder até sentir medo. Mas dor? Que deus sente dor?
A gente exclui nosso sentimento mais íntimo dessa logística de criar algo para nos dar conforto dessa empreitada de estar na Terra.
Dor é nosso. Dor é a topada do dedo mindinho na quina afiada. É também a dúvida eterna do que é isso tudo aqui. Dor é algo humano. A gente que pega essa dor e transforma em um milhão de coisas: música, pintura, poesia e texto de qualidade duvidosa pra ser postado num perfil de rede social que ninguém lê. Ninguém mais faz isso.
E por que eu tô falando essa besteira toda?
Não sei.
Schopenhauer disse que a dor vem de uma vontade não satisfeita. Mas, de onde continuam vindo as vontades que não satisfazemos? Será que o caminho não é o inverso? A nossa relação tão grudada com a dor não é o que faz a gente criar necessidades que sabemos que não iremos realizar? Será que é nosso caminho para se achar humano e, consequentemente, ter uma "desculpa" pra não compreender o que está ao nosso redor?
A dor nos faz normais. E a gente não quer ousar pensar que estamos sós no universo. Procuramos a dor sempre. Assim somos normais e algo extraordinário nos espera.
