Peguei meu café e sentei à mesa.
Um desses supermercados que incorporaram uma lanchonete deles na entrada. Fazem de tudo. Nada presta. Mas quebram um galho.
São 8 e pouca da manhã de uma quarta-feira.
Vejo maçãs superfaturadas à minha frente. Comprei uma pro lanche da tarde.
Tem oferta de melão a 12,99 o quilo. Achei absurdo. Quanto pesa um melão?
Tem um senhor de uma terceirizadora passando aquelas máquinas que dão polimento no chão. Ou talvez só limpem, porque ele terminou uma parte aqui e o piso tá opaco feito a alma do senhor da mesa ao lado.
Esse mesmo senhor que está segurando uma long neck de Heineken envolta numa sacola da rede de supermercados. Disfarçando o que não dá pra disfarçar.
A cara de desespero. Fala com alguém ao telefone. É desses que ainda ligam.
Aliás, talvez tenha ligado agora. Pelo desespero. Acho que um uber vem buscá-lo.
Eu só espero que ele fique bem, na medida do possível.
E eu também.