João Lima
1 min readAug 13, 2021

É impressionante como a gente aceita a precarização de tudo que possa garantir uma dignidade na vida.

A religião quer nos dizer que devemos ter resiliência e seremos recompensados em outro momento (depois da morte, curioso né?). Os que fogem dela, ainda podem ser impactados pelas maravilhosas literaturas de auto-ajuda, que farão o máximo para te dizer que você pode sim correr atrás do seu sonho (mas será que esse sonho é meu?).

Se seguirmos o fluxo natural que o papai dinheiro pede, vamos conhecer o “mercado de trabalho”. Mundo corporativo né. Lá ele vai dizer pra gente: abra mão de sua sanidade mental e provavelmente sua saúde física em nome da meritocracia. Se você trabalhar direitinho, ano que vem o dono da empresa compra um outro apartamento de milhões.

A família a essa altura já tá concordando com tudo. Aqueles que já estavam aqui quando você chegou, mal perceberam que não te deram opção nenhuma né. Faça isso, faça aquilo. Estude isso, vá pra lá. E que tal um intercâmbio na Tailândia?

Aquela que você montou vai tentar conciliar as aspirações de toda a ascendência dos membros. A luta é inglória e provavelmente sem fim. Aí todos vão pra nossa querida religião: ei, seja resiliente e vai conseguir.

Não vai. Provavelmente não vai.

A gente aceitou que uns têm mais sorte que outros. Que uns nasceram ali e outros cruzaram a avenida e deixaram que a cegonha os derrubasse no bairro errado. Ah, a teoria do caos, que maravilha.

João Lima
João Lima

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